EDITORA: DarkSide

ISBN: 9788566636161

ANO: 2013

PÁGINAS: 320

RESENHA: Ganhador do Crawford Award 2012 e indicado ao prêmio Nebula, O Circo Mecânico Tresaulti, escrito por Genevieve Valentine, conseguiu prender minha atenção logo em seu primeiro ato.

Embora o crescimento do seu enredo ocorra aos poucos, devorei-o em um único dia. A narrativa é encantadora! Um livro construído para ser degustado, composto por determinadas passagens que necessitam serem lidas mais de uma vez, apenas para que possamos apreciar a forma de escrita da autora.

As pessoas conversam entre elas, mas com cautela; o governo é novo (o governo é sempre novo), e você nunca sabe quem esta trabalhando para quem.

Nas ruínas das cidades destruídas por uma guerra sem vencedores, O Circo Mecânico Tresaulti ergue suas lonas trazendo ao público seu grande espetáculo com um toque steampunk. Suas garotas são mais leves que o ar, seus homens mecânicos realizam grandes façanhas e cada um possui uma bela história para  nos contar. Contudo, não se esqueça antes de entrar: Armas não são permitidas!

No livro acompanhamos duas formas narrativas, em primeira pessoa através do personagem Little George, cuja vida sempre foi o circo, e em terceira pessoa, um narrador que ora aparece entre os textos de George, ora possui capítulos inteiros para si. Essa mudança de narrador pode parecer um pouco confusa no início, mas é esse um dos diferenciais que engrandecem a obra. Eu posso estar errada, mas com o passar da leitura eu diria que essa terceira pessoa talvez fosse o próprio Circo.

Para você, o mundo se resume a um único ponto quando se entra na oficina. (Isto é o que acontece quando se dá um passo; você se aproxima daquilo que quer.)
Para você, a oficina é o único teto que foi armado sobre as asas à sua espera.

A guerra e os governos opressores, não são o foco principal, eles movem a trama em determinados momentos, mas os holofotes estão todos voltados para o Circo e as histórias dos seus artistas, contadas através do uso constante de flashbacks. Ex-combatentes, ladrões... Enfim, pessoas que vivenciaram os horrores em todas as suas formas e se juntaram ao Circo adotando partes mecânicas em seu corpo na procura por um novo recomeço, uma nova identidade, um lar, de pessoas que possam considerar ser sua família, um lugar onde possam ser livres, até mesmo para voar.

A edição por si só já havia me chamado a atenção, tanto que tirei algumas péssimas fotos para ilustrar o post. O cuidado da editora é um show à parte. A capa possui um toque aveludado com verniz localizado em determinados lugares de destaque, o papel é amarelinho e de boa qualidade. As ilustrações são lindas e retratam muito bem o clima delicado, que em determinados momentos acaba tornando-se sombrio.

Os braços da mulher ainda estão bem abertos, você percebe que ela não parou de falar, que sua voz sozinha mudou o ar, e quando ela continua, "Bem-vindos ao Circo Mecânico Tresaulti!", você aplaude como se sua vida dependesse disso, sem saber por quê.

Bom, eu preciso realmente dizer com todas as palavras que recomendo O Circo Mecânico Tresaulti? Oras, se vocês ainda não perceberam, ele acabou conquistando um lugar muito especial na minha estante.