O Rei do Inverno por Bernard Cornwell

maio 02, 2014

Sobrevivi, intocado, e saí do poço da morte tão calmamente como Nimue tinha saído do mar assassino, e Merlin, encontrando-me, me chamou de filho de Bel. Deu-me o nome de Derfel, deu-me um lar, e me deixou crescer livre.



Eis que finalmente vim aqui falar sobre um dos meus livros favoritos. Quem acompanha o blog a mais tempo sabe que eu o estava relendo e, em um antigo blog, eu já havia resenhado ele, mas o meu amor por O Rei do Inverno é tão grande que me vi obrigada a compartilhar minhas impressões aqui em Um Reino Muito Distante. Já disse que adoro história Arturianas? Pois é, eu simplesmente venho amando, mais e mais!

Nesse livro, apesar de ter Artur como uma de suas figuras principais, a narrativa em primeira pessoa fica a cargo de Derfel, um órfão saxão criado por Merlin, que tornou-se um guerreiro devotado às causas de Arturo Rei que Nunca Foi, o Inimigo de Deus, Senhor das Batalhas, filho bastardo de Uther Pendragon e irmão de Morgana.

Nosso cenário principal é a antiga Britânia, um reino que já passou por dias melhores. Os invasores saxões se revelam uma ameaça perigosa, Uther acaba de morrer e o seu único herdeiro legítimo é Mordred, uma criança recém-nascida e aleijada, um dos piores sinais de mau presságio.

Agora, junte tudo isso a ganância e vingança de outros governantes, mais a esperança de que o nobre e poderoso guerreiro Artur, antes expulso pelo seu pai, atravessasse os mares e retornasse para enfim libertar seu povo. 



O Rei do Inverno carrega o gosto dos livros épicos, alianças se formando e se desfazendo, traições, erros estúpidos, reinos sendo destruídos uns após os outros, invasões, massacres... É uma mistura capaz de tirar o fôlego de qualquer leitor, o meu por duas vezes.

Que Deus e seus anjos me perdoem, mas naquele dia descobri a alegria que há na batalha, e por muito tempo depois ansiei por ela como um homem sedento procurando água.


As descrições presentes no livro, podem ser consideradas lentas para alguns, mas ao meu ver ela foram fundamentais, um jogo de palavras poderoso que nos transportam para dentro da história, nos fazendo enxergar claramente os cenários e as batalhas. 

E ainda nem falei do personagem Derfel, afirmo sempre e continuo com a mesma opinião: ele é um dos meus personagens preferidos. A forma como ele vê a paz de um reino se esvaindo, a paixão com que ele se refere a Artur, sua sede pelos campos de batalha. Ele simplesmente cativa e, sem que possamos perceber, nos conecta a ele seja no momento de batalha ou em uma mera reflexão, amamos intensamente, assim como odiamos junto com ele.


Bernard Cornwell nos trás uma realidade, afastando-se do misticismo por trás das lendas, humanizando os bravos cavaleiros e as puras donzelas. Nunca, ninguém deve ser perfeito: Artur comete erros, um deles por um impulso totalmente humano, e percebemos aos pouquinhos que ele é capaz de manipular as pessoas como sua aparência, forma de se portar seja em uma conversa ou em batalha. Agora, Lancelot, meus amigos, eu nunca o odiei tanto quanto nesse livro. Galahad nos conquista com suas atitudes de companheirismo na primeira cena e quanto a Guinevere, sabe que ainda não possuo nenhuma opinião formada...

O amor é loucura, balançando do êxtase para o desespero num segundo insano.

Me digam: Como não amar um livro assim, que te joga pra dentro de um campo de batalha logo na primeira fileira da parede de escudos?

As linhas de batalha se entreolharam. Nenhuma das duas se mexeu.

É preciso uma coragem extraordinária para atacar uma fileira de escudos e lanças. Por isso tantos homens bebem antes da luta. Já vi exércitos pararem durante horas enquanto juntavam coragem para atacar (...)

You Might Also Like

2 comentários

  1. Sempre tive muita vontade de ler um livro dele, você indicaria esse para começar? :)
    Beijos,
    http://misssorrisos.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Manu, foi com esse justamente com O Rei do Inverno que comecei a ler os livros de Bernard Cornwell, tem também as Crônicas Saxões, que apesar de ainda não ter lido, sempre me recomendaram muito. Bjs!

      Excluir