Grandes Esperanças, por Charles Dickens

julho 28, 2013

Como o sobrenome de meu pai é Pirrip e meu nome Phillip, no meu linguajar infantil, jamais consegui pronunciar nenhum desses dois nomes de forma mais longa ou explícita do que Pip.

EDITORA: Landmark
ISBN: 9788580700244
ANO: 2013
PÁGINAS: 528

RESENHA: Já faz algum tempinho que estava pensando em colocar minhas mãos, e olhos, nos livros de Charles Dickens, após ler alguns trechos soltos de seus textos pela internet. Ah, e claro, para saber por que Tessa Gray, personagem principal de As Peças Infernais, série escrita por Cassandra Clare, amava tanto Um Conto de Duas Cidades. O tempo passou e foi quando me deparei com a edição de Grandes Esperanças da editora Landmark. Sabe aquela história de amor a primeira vista? Então...

Nesse história acompanhamos toda a trajetória da vida de Pip desde sua infância através do seu ponto de vista. Orfão e criado a mão truculências e gritos pela irmã mais velha, Mrs. Gargery, ao lado de seu cunhado Joe, um ferreiro simples e de coração ingênuo. Sua vida muda radicalmente ao receber a ajuda de um benfeitor, do qual não tem conhecimento, que financiará sua educação em Londres para que se torne um cavalheiro.

Deus sabe que nunca devemos nos envergonhar de nossas lágrimas, pois elas são a chuva que dispersa a poeira ofuscante da terra, que recobre nossos corações empedernidos.

Grandes Esperanças é um livro com passagens lindas, que foi me conquistando aos poucos quando consegui entender as mensagens que o autor estava passando. Falar muito sobre ele seria o mesmo que soltar um spoiler sem querer, pois cada evento, mesmo no início, é importante para situações e consequências no futuro. Pequenas tramas, personagens e atos que vão sendo interligados conjuntamente.

Nenhum trapaceiro na face da Terra nos engana tão bem quanto o trapaceiro que existe em nós, e com tais pretextos eu enganava a mim mesmo.

Longe de ser uma pessoa perfeita, Pip vai moldando o seu caráter durante a narrativa e começamos a notar seus defeitos. Ele e Estella, mulher por quem sempre foi apaixonado, são dois personagens criados através dos propósitos de outras pessoas, moldados de acordo com o ambiente em que viviam. Isso chamou muito minha atenção ao fechar o livro, devo dizer, com lágrimas nos olhos.

A verdade pura e simples é que, quando amei Estella com o amor de um homem, eu a amei simplesmente porque a achei irresistível. Uma vez por todas eu senti, minha grande tristeza, muitas e muitas vezes, se não sempre, que eu a amei contra a razão, contra as promessas, contra a tranquilidade, contra a esperança, contra a felicidade, contra qualquer desencorajamento que pudesse existir. Uma vez por todas, eu não a amei menos por saber disso, e isso não teve mais influência para me impedir, do que se eu tivesse acreditado devotamente que ela era a própria perfeição humana.

Me encantei profundamente por Grandes Esperanças, com o passar de suas páginas. No início parecia uma história qualquer sobre um personagem que se apaixonaria perdidamente e que nunca seria correspondido, porém é muito mais do que isso. É um livro profundo sobre amizade, ilusões, preconceitos... E não importa com quantas palavras eu me expresse nessa resenha, creio que não conseguiria explicar a grandiosidade dessa obra. Sei apenas de uma coisa: quero mais livros de Charles Dickens na minha estante, AGORA!

"Eu vou lhe contar" disse ela, no mesmo murmúrio apaixonado e precipitado, "o que é o verdadeiro amor. É devoção cega, abnegação inquestionável, submissão absoluta, convicção e confiança contra vocês mesmo e contra o mundo inteiro, entregando sua alma e seu coração inteiro ao torturador... como eu fiz"
Nota: 4.0 de 5.0

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